29/08/2010

O Contexto da Maciota

Acorda pra ver o sol
Dorme pra sonhar com a lua
Viajando com a magrelinha
Desejando a Terra toda nua
Respiro o ar impuro
E discuto com a vida sobre o que é puro
Porque tenho a liberdade em mãos pra sair de cima do muro
Abro a janela pra sentir o vento às pálpebras correr
Ao som do "Partido Alto" me sinto um neotropicalista sem medo de viver
Ou até morrer
Escrevendo sem sentido, com essência
Puro dadaísmo

28/08/2010

Conflito de Intereços

Já parou pra ver a vida do avesso?
Perdi até o grande apreço
Já vi que nem mereço
Porque pra tudo tem um preço
E se tiver que crescer, escrevo e cresço
E pra não ter que falar de preço
Eu desviro tudo do avesso
E continuo ileso

27/08/2010

O Vago Em Chamas

Entre o céu e o inferno existe um lugar
Onde se tem o paraíso e o indesejado fim do mundo
Nem sempre o paraíso
Se intimidando com o trauma de viver, levando a vida assim
E a teoria da morte súbita (imaginária?), inadiável
Condenado e engolido pelo sistema
E a chama viva que se acende se chama problema
Que te queima sem pedir permissão

24/08/2010

Caixa de Fósforo de Papel

O vento que sopra antes da chuva é você, meu amor
A calada da madrugada é a mão de Deus
Que faz pensar e agir
E quando o sono bate, é de você que lembro
Reanimando o consciente com sonho esquematizado
Aquele sonho ambicioso, só eu e você
Na cama, querendo mais
Doze horas e um pouco mais
Na calada da madrugada, deixando o vento soprar sem malícia
Nessa serena e doce melodia
Se apronta que quero um banho de chuva
Se arrisca, vamos cantar aquele refrão
Pra espantar tristeza
Porque é felicidade que eu quero agora
Levanta esse cabeça pra sorrir pros pingos fortes
E na balada desses pingos fortes eu acordo
Olho pro lado e sinto seu cheiro
Minhas roupas molhadas
E a sensação de felicidade instantânea passada
Te ligo e você passa pro silêncio
E na calada eu fico tenso
Torcendo pra mais vento, calada e sono
Tudo de novo sem cansar, ritmo intenso

20/08/2010

Duplo Egoísmo

Em todo esse tempo
Em meio a invejas e divergências
Algo foi depositado e selado
Selado com o primeiro abraço
Ao suceder de uma batalha infantil

Fizemos arte pra esquecer da vida
Com cabeças incríveis e pensantes
Arte que hoje nem serve de mais nada
É puro trabalho, fachada

Essa cavalaria foi e veio várias vezes
Já era história, mas a previsão de volta era vã
Mudei pra impressionar e veja só o que foi causado
Depois de tudo, olhe pra trás
É besteira, mas se tornou desgastante e exaustivo

Agora são dois corpos criando anticorpos
Implorando copos entupidos de cerveja
Pra esquecer e não se arrepender

Mas o pôr-do-sol uma hora vem
E pra esquecer esse mar de problemas, só regredindo pra ver
Vamos sair, beber, repetir o vergonhoso e indesejado fato
Mas que fez bem pra cada copo da sarjeta




19/08/2010

Ponto Final

Jurei não entender
Essa vontade louca de ter em dobro o que é seu
Como se perder fosse depressão, quase morrer
Um suspiro causado pelo tédio ao meu lado
Eu odeio

Em meio a confusão foi decidido
Se perder na dor, desejar a toda hora
Onde tudo é um horror
E, de novo, um silêncio precedido de um suspiro

Já diziam que não se pode falar que ama
Como se, ao saber, fosse esfriar
Mas, nem sei, acho que cansei
Depois de todo esforço, duro e carinho que dei
Venha e bata nessa porta só pra dizer que foi um engano
Nem quer mais

Fui um capataz, total incapaz
Não consegui administrar um amor tão doce
Como se amor fosse negócio
Um meio homem seco e vazio
Às vezes efusivo, um pouco inexpressivo
E não diga que não sei me apaixonar
São apenas formas diferentes de se amar


04/08/2010

Evaporar-se

Vai-se embora quem estava a sentir falta
Um vazio inexplicável
Infeliz, assim ele é chamado
Procurando o que amar
Alguém pra amar, algo pra se apegar
Tantos falsos amores à sua volta
Uma confusão de que só Deus sabe
E nessa hora já se pensa no passado
Nem chora mais, até quer, acha bom
As lágrimas saíram pra passear
Restou o silêncio, o escuro e o seco
E assim, o infeliz nem sabe pra onde vai
Parado no meio de uma rodoviária suja
Fria e deserta
Se pega pensando sobre a felicidade
Vive dizendo que "feliz mesmo é quem tem tudo o que quer"
Enfim, ninguém é feliz nessa vida
Isso tudo é amor demais
Saudades demais, excessos, desapegos
Nem sobra tempo ou espaço pra pensar
No que é ou não é
Pois é assim que se leva a vida, levando tudo devagar
E quem queria partir, nem se foi
Só queria um tempo só, pra pensar
Se ajeita ali
E, pronto, pra mais um dia