(I)móvel

O dispositivo inteligente faz tudo 

Banaliza distância 

Em virtude do afastamento 

Mundos paralelos em demasia 

Refletem particular desinteresse 

Objeto inanimado 

Extensão do corpo 

Causa de confusão 

Abalo do espaço-tempo 

É tudo e nada 

Portal do passado 

Memórias no presente 

Atalho sem percalço 

Contrapartida é proximidade

26 Sinônimos Inúteis

Das coisas que diz
Do que se registra
Do que se lembra
E da saudade que sente
Ao contar as desventuras

Do desejo enjaulado
Latente necessidade da liberdade
De encontro à efemeridade
E o consequente perigo do vazio

O que se deixa
O que se leva
O que se acaba
O que se espera

Epílogo

pressentir o presente
no passado
e o futuro
olha pra trás
e sente
à flor da pele expele

sai do banheiro
esconde
decide
dormiu

Gamação Caótica

Você vento
Eu sou fissura
Do alento à amargura
A carne dura sofre
Com o passado incurado
Que soergue
E ainda que navegue
No estuário das incertezas
Seguem conforme o vento
Não me arrependo

Deus me livre,
mas quem me dera

Onomatopeia

Quando chega
Fica mexida
O olhar intriga
Por entre escombros
Eu me desvio
Do toque ao arrepio
Não diz um pio
Fica esquisito
É até melhor
Pra não lembrar

Tchau.

Indústria da Seca

Território nacional de economia internacional

À exclusão, resultado da pobreza estrutural

A morte da política à vida do capital

Aqui jaz democracia e seus benefícios sociais

Aqui se vivem máquinas ambulantes,

Fabricantes do consumo

Consumindo ou produzindo,

A guerra continua, o jogo perpetua

Preciosismo

Maldito tempo que divide as coisas

Não é possível nem vê-lo

Mas causa estrago

Uns dizem que é relativo

Negando o fato de que é absoluto

O seu poder de aprisionar 

Quem não tem pé no chão

Enquanto isso o espaço se esvai

Ou se renova?

Coitado do ser humano 

Que acha ser grande demais