(In) Condição

Poucos sabem o que é perder alguém
Ter, mesmo sem ter
Num sentido teórico
Um alguém tão doce deixou outro alguém assim
Mostrou o seu veneno pra quem queria ver
Pra isso, foi criado um relacionaento fictício
Parecia ser a solução, estavam satisfeitos
Com uma borracha, apago o "fictício"
Se torna algo a acontecer
E tá tudo assim
Essa vontade de se machucar é estranha
Preferências sem vontade é o que mais se tem
Tudo pra agradar qualquer alguém
Agrada a qualquer um
Mas não a você mesmo
Foi dito pra acabar com esse menosprezo
Talvez isso acabe como uma daquelas histórias que eu já sei do final...

Pá Furada

Pois é, pequena
Mais um dia que se passa
E você fazendo graça
Caminha do meu lado que te faço rir o tempo inteiro

Depois de uma rotina
Te banho com bom humor e te faço ter saudade
Esquece esses seus sonhos
Abre o olho e veja do seu lado quem te deseja de verdade
Os outros nem ligam pro que pensa

Mas tá tudo bem
Vou continuar imaginando a minha mão na sua
Você nua de problemas
Achando que é até um de seus sonhos

Mas isso é irreal pra você
Pois eu quem vivi preso
Agora me soltou pra conquistar
Então deixa eu te levar

Me alimente de tudo que desejei desde que cheguei
Sei que ninguém faz melhor
É só joguinho de ciúmes, pois é

Mero Engano Descuidado

Depois de tanto tempo
Por que só foi olhar agora?
A vontade já era neutra
Um desinteresse seguido de espera
Já não se estava bem
Pois, quando tudo vai bem
Ninguém precisa de ninguém
Por falar em "ninguém", você gostava de alguém?
Me disseram que nem daria mais
Pra te conquistar deveria ser um bom rapaz
Mas era engano
Tudo pose
Você é como uma qualquer
À espera de alguém que sacie suas vontades e diga "eu te amo"
Um rapaz assim tem em qualquer lugar
E acho que alguém aqui precisa se deslocar
Mas você faz medo com esses suspiros, indiretas e sorrisos
Incerteza que deixa qualquer um pensativo
Enfim, isso é cansativo

República Escrita

Tico era um jovem esbelto
Passava todo tempo escrevendo no porão
Adorava bandas inglesas, Tropicália e psicodelia
Queria conhecer o Afeganistão
Era ambientalista, ligado em política e trabalhava com logística
Mas cansou dessa vida e foi procurar a direção do vento
Pegou seu jeans surrado, mochila, bicicleta e uns trocados
Sem pretensão, comprou um violão
Na mesma loja conheceu João
Que também escrevia e era ligado em política
Tico desistiu do vento
Voltou pro porão com João e o violão
Num caderno, as ideias divididas e guardadas
E conheceram Isadora
Montaram uma banda e foram mudar o mundo afora

O Imortal

A idade me acompanha
O tempo é meu amigo
Eu não ligo pra morte
Ao lado do meu último romance
Sinto falta do passado

Pois é, eu falei que não era tarde
Veja só
Eu quero o tardar
Vai me desculpar
Mas, esses cabelos no chão
Te mostram o que?

Tenho saudade, ela não mata
Já se passou quase um século
Mas, saudade do que?

É tanta coisa que eu já nem lembro mais
Preciso mesmo de paz
Talvez eu sinta saudade da falta de paz
Quando a vida era uma criança
Bagunça, auê, e tudo mais

Hoje, essa vida cresceu
E fico no meu canto
Toco um bandolim velho e bem cuidado
Escondo tudo, até pranto

Num Quarto Revirado

Como pode ser gostar de alguém assim tão fácil?
Descacreditar em belas coisas ditas no quarto
Os nossos desencontros levam a saudade a mil
Sem ao menos esperar o dia findar
E as suas coisas, quando vai buscar?

Beijos e carinhos pra curar o tédio
Será que vale a pena tentar algo sério?
Seu nervosismo e sua vergonha me consomem
Deixando de lado um homem
Que só quer ter alguém

Insisto, vira o rosto
E eu digo "vem"
"Vem" que o nosso romance é escondido
Esquece o tempo, relógio e amigos

Existe a ciência de que precisa paciência
Mas o importante foi dado
O abrigo, você do meu lado

Chegou a hora de ir embora
Mas vê se volta
Te dou meia hora
Vamos tentar de novo
Faça de mim novo
E vê se controla esse amor duvidoso
Pois, desse amor só quero um pouco

Quem sabe nos ter?
Só depende de você
Tem de satisfazer
Me valorizar, sem se menosprezar